Os chafarizes de ontem
e suas velhas águas
estacionadas.
Mar morto daquilo que
- não dito -
deixou de jorrar.
domingo, 26 de junho de 2016
Pedras
Hoje aos trinta
ainda não acostumei.
O desejo de desdizer
tudo vai e volta
implacável.
Marmoraria na garganta,
imensa pedra de açúcar
que não sou capaz de engolir
ou dissolver.
ainda não acostumei.
O desejo de desdizer
tudo vai e volta
implacável.
Marmoraria na garganta,
imensa pedra de açúcar
que não sou capaz de engolir
ou dissolver.
Ana C.
Ela me olha desde a cabeceira
com seus óculos escuros retrô
dentro de casa.
Como se em mim lesse
ao tempo em que a leio.
Evito aprofundar em
seu delírio para que
não se torne meu.
com seus óculos escuros retrô
dentro de casa.
Como se em mim lesse
ao tempo em que a leio.
Evito aprofundar em
seu delírio para que
não se torne meu.
segunda-feira, 20 de junho de 2016
Entardecer
I.
Berro por paz...
Meu corpo circula
o mesmo espaço
de sempre e de nunca.
[espiral deposto, moinho]
A re-dor dói ainda mais.
II.
Só in verso
seremos possível.
Seremos audível
numa canção sobre pássaros.
Serás minha sabiá,
eu sua saíra.
Sairás de onde és
só metade.
Seremos
silêncio
surdo pra dor.
III.
Des espero voltar de onde jamais vim.
Lograr d’ouro lugar outro que não este aqui.
Pássara de dez encantos
voar cantos
poentes de
enfim.
IV.
Quase acidentalmente
me transformo
também
em árvore.
Pés cravados
na terra,
refém do
tempo
exato
as folhas
me vão
caindo.
A vida arbusta
casca enruga tronco e
palavra já não é água
mas âmbar
arvore-sendo
sabe-se lá como.
V.
Respiro...
Minha vida me parece
A vida de um outro.
Ela vive sem mim
e me entardece.
Tempo
No centro do tanto
O meio do nunca
Por cima de dentro
o sumo
do nada
Escasso trato
do tempo
vário
vário
Devhora
o dito
em mito
de hora
Estilo
Versos se
engavetam
na ruela
bruta
da fala
Levam a lama
arrastada
na letra
No beco escuro
do estilo:
Réstia de sentido.
Derradeira
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